mesmo literariamente falando, os lados fracos da maneira renaniana; naquele tempo eu era o mais inteiramente sugestionado dos nossos renanistas. O meu emissário foi Artur de Carvalho Moreira, de quem já falei, e a carta que ele me escreveu dando conta da sua missão, podia ter a assinatura de Chamfort. L’Homme-Femme, segundo Renan, não era senão un méchant paradoxe que não valia a pena refutar; une plaisanterie, que não se devia tomar ao sério. Quando no ano seguinte fui a Paris, uma das minhas primeiras visitas foi a Renan. Ele lembrava-se do meu nome e não se demorou em responder ao pedido que lhe fiz de alguns momentos para apresentar-lhes as minhas homenagens. Ainda conservo esses curtos pequenos autógrafos: “C’est moi qui serai enchanté de causer avec vous. Tous les jours vers 10 heures, vous êtes sûr de me trouver. Votre très affectueux et dévoué – E. Renan. Rue Vanneau, 29.” Três dias depois, eu subia os quatro andares do nº 29 da rua Vanneau e penetrava no mesmíssimo modesto “apartamento” que Carvalho Moreira me havia fotografado em sua carta. Dentro de minutos me aparecia Renan. Na minha vida tenho conversado com muito homem de espírito e muito homem ilustre; ainda não se repetiu, entretanto, para mim, a impressão dessa primeira conversa de Renan. Foi uma impressão de encantamento; imagine-se um espetáculo