meus versos de Amour et Dieu pareceram-me – a ilusão do autor é um dos mais finos estratagemas da Criação – não direi iguais, mas semelhantes aos melhores da decadência em que a França já tinha entrado. Esses versos valiam muito pouco. Não que fossem todos eles maus, mas, porque o que teria realmente valor neles, se fosse um novo caminho aberto por mim à imaginação, era de fato uma estrada já muito percorrida por ela, uma espécie de via sacra das procissões antigas, na qual muito maiores espíritos tinham levantado por toda a parte colunas votivas. Isso por um lado, e por outro, porque o que neles podia soar agradavelmente era declamação poética, e não poesia; pertenceria à retórica, ou à eloqüência, e não à arte, que em tudo é criação.

Desde que toquei na ilusão do autor, vou abrir um parêntesis para uma reminiscência, que talvez previna os jovens poetas contra uma das ciladas mais freqüentes no caminho da mocidade, e até da velhice, a do elogio que de qualquer modo forçamos ou mesmo somente desejamos.

Em 1872, quando Alexandre Dumas Filho escreveu a brochura L’Homme-Femme terminando pelo famoso Tue-la!, publiquei no Rio de Janeiro uma carta em francês a Ernesto Renan com o título Le Droit au Meurtre. Um amigo entregou de minha parte um exemplar dessa brochura ao grande escritor, a quem só me faltou tratar de divin maître. Hoje descubro,