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MULHERES E CREANÇAS

destinadas, a culpa é nossa e não de quem constituio sob uma fórma tão racional e tão justa a sociedade.

O tempo que passamos no barulho vazio das festas mundanas, colhendo decepções e rancores, excitando invejas, provocando sensuaes applausos, porque o não gastamos a lêr, a estudar, a penetrar no mundo da natureza e no mundo da sciencia em todos os seus aspectos tão varios, em todas as suas manifestações tão sympathicas; porque não dirigimos a poder de trabalho e de esforço a primeira educação de nossos filhos, e deixamos que mãos mercenarias lhe arranquem aquella dôce penugem da alma que é a ignorancia dos pequeninos?

Porque não fazemos da nossa casa, um ninho alegre e fôfo, que o nosso marido prefira ao botequim, ao Gremio, ao Club, ao restaurante, á casa dos seus amigos, e onde elle esteja certo de encontrar o alimento mais saboroso e mais hygienico, o ar mais puro e lavado, a poltrona mais commoda, a conversação mais animada, mais substancial, mais chistosa e menos pedante?

Pouco a pouco á regeneração da mulher, seguir-se-hia a regeneração do homem, deixariamos de ser a ruina, para nos tornarmos o conforto; deixariamos de ser o tédio para nos tornarmos a alegria.