MULHERES E CREANÇAS
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Todos se riem da gracinha.

— Meu anjinho! Como é presumida! Diz a mãe toda enlevada. E gaba-a muito. — Estás linda! a minha filha é muito bonita. Fica-lhe tão bem este vestido!

Mais tarde, d’ahi a quinze annos, quando a creancinha do outro tempo é um rapariga delambida, arrebicada, cheia de appetites luxuosos, de ambições extravagantes, sonhando com um noivo muito rico que lhe sacie todos os seus desejos de riqueza e de pomposa elegancia, quando os homens serios e honestos olham para ella com desdem, e no seu intimo a desprezam como uma boneca inutil e frivola, de quem é a culpa, digam-no sinceramente?

A culpa é de quem favoreceu, em vez de combater, esse pendor funesto, tão natural á mulher, e que só á custa de muita reflexão ella consegue vencer.

A culpa é da mãe, que teve orgulho dos defeitos da sua filha, em vez de lidar por transformal-os em virtudes.

A mulher é vaidosa? Pois bem! se não podemos destruir esse vicio organico, demos-lhe ao menos um rumo diverso do que elle leva.

Que, em vez de ter vaidade dos seus trapos e dos seus miseraveis arrebiques, ella tenha vaidade de ser boa, laboriosa, honesta, instruida e forte.