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MULHERES E CREANÇAS

de educação, mas exigimos que haja intelligencia e vocação nas pessoas que a aprendem.

Não é fazer do piano um attributo indispensavel de todo o ensinamento elegante, e obrigar sem discernimento e sem escolha todas as meninas a estudal-o e a atormentar com elle o ouvido do proximo.

Logo que se comprehenda bem o grande alcance da musica, a sua influencia moralisadora, a sua missão artistica, as mães escolherão de entre as suas filhas, aquella ou aquellas que mostrarem predisposição para este genero de estudo e auxiliarão por todos os modos o desenvolvimento d’essa vocação.

O piano deixará de ser o flagello e a peste das soirées sem ceremonia, o tormento dos visinhos proximos, o pezadello dos maridos, o martyrio das proprias executantes. Não reinará exclusivamente como até aqui esse despotico e terrivel instrumento.

Não se dirá das meninas bem educadas: toca admiravelmente, subentendendo já o malfadado piano.

Dir-se-ha mais acertadamente: sabe musica, toca muito bem violoncello, ou harpa, ou rebeca, ou piano mesmo, porque nós não queremos condemnar nenhum instrumento ao ostracismo, pelo contrario queremos livrar os outros do ostracismo a que estão injustamente condemnados.

Com esta escolha sensata das pessoas que particularmente