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romã, ninguem a cultiva hoje, que os pomares e jardins se civilizam e andam todos á moda. Em casa, na fazenda em que nasci, havia um pé de cabelludas, escarrapachado, de copa saiúda a relar o chão. Era meu. Boas horas passei dentro delle a chupar as frutinhas. Depois, faz isso doze annos as coisas mudaram, o mundo virou e nunca mais tive occasião de ver sequer uma cabelluda, ou ouvir falar nellas.

Pois bem: descobri, ha dias, cheio de emoção, um pé de cabelludas no fundo da chacara velha. E carregadinho! Regalei-me, infantilmente, e enchi os bolsos logo que o estomago deu o basta.

De volta, detive-se em casa da velhinha amiga, pois nunca passo por alli sem portar. Livro vivo do passado, é uma delicia folheal-o. Encontrei-a como de habito na rede e ao pé della, na cadeira "pé-pé", cadeira de pernas cortadas onde sempre me sento, uma creaturinha humilde, trajada pobremente.