V

Depois do encontro na rua da Rosa com o ephebo, D. Sebastião sentia-se devastado, cada vêz mais empolgativamente, pela sua sinistra andromania.

As entrevistas continuavam-se, diarias quasi, absorventes, intermináveis, doidas; ora de dia, escandalisando com as baixas allucinações da sua febre o luaceiro alvadío e calmo que o sol peneirava pela trama dos stores, corridos discretamente; ora de noite, vividas em tumulto n’uma epilepsia de suggestões lascivas, fomentadas e protegidas pela deformação crepuscular das coisas, que um só candieiro com pára-luz allumiava escasso, e lubricamente ainda exacerbadas por um vago resfolgar de sensualidade que vinha frequente, atravéz o soalho, fumegando, do primeiro andar.

Muitas vêzes, depois d’uma demorada scena amorosa, de tarde, com o rapaz, o barão saía combalido, esgotado, tropego, com os nervos debilitados, o olhar dorido, a alma humilhada e