O barão regosijava-se .
A sr.a Anna trazia-lhe o pequeno nas palminhas. Cosinhava menos mal, sempre á hora marcada. O barão tinha pago um trem de cosinha completo. E ella, muito bom modo — tudo o que o menino quizésse, pois então ! — Apenas se permittia observar-lhe que o abuso do marisco havia de fazer-lhe mal. Eugênio, filho d’uma cidade marítima, era guloso dos alimentos picantes, fortemente iodados, que nos fornece o mar. Não dispensava a sua omelette de camarão ao almoço; ao jantar as ostras, o arroz de ameijoa, lagosta quando apparecia, ligueirões, carangueijo; á noite uma tortilla bem abeberada de mexilhão. — E a sr.a Anna a repontar sempre... Não que lhe désse trabalho arranjar estes petiscos. O velho das ostras era infallivel á porta, todos os dias; tanto mais que linha também freguezia certa no primeiro andar... Mas aquillo era muito quente... Havia de fazer-lhe nervoso interior.
A verdade era que os dois velhos, em baixo, comiam-lhe os sobejos, e o bricabaqueiro estivéra já duma vêz á morte, com uma irritação de intestinos.
Nunca mais Eugênio déra importância aos antigos companheiros de rua, —era dos livros ! Impôz-lh’o mesmo expressamente o barão; assim como lhe impôz, sob pena de expulsão im- mediata, a prohibição formal de receber quem quer que fosse, e de ter com homens relações de qualquer ordem. — D’aquella porta p’ra dentro, só elles dois e a sr.a Anna!... E nada de se dar com calças... nem velhos, nem novos, nem feios, nem bonitos !
— Quero-te só p’ra mim ! — afagava, entre dois beijos húmidos, o pederasta.