— Ó Mata-Gatos! Hoje tão tarde!... Já suppunha que não vinhas... Tenho estado a fazer o fundo. Ouve lá!
E leu, nasalando as vogaes, sibilando os ss, oito linguados de prosa furibunda, toda opada de rhetorica soando oco, toda vasada nos moldes d’um facciosismo declamatorio, pueril e vasio, a qual terminava assim:
Continuaremos. Vão nos quebrarão complacencias, nem nos entibiarão ameaças. Havemos de apontar com dedo vingador a senda de torpezus trilhada por esses seis homens que estão desacreditando e arruinando desvergonhadamente o paiz. Hacemos de crucificar bem alto nas gemonias da execração publica a gerencia, toda corrupção e desperdicio, d’esse governo nefasto e cynico que infelizmente nos rege!
Ao cabo, cheio de si:
— Que tal?
Mata-Gatos, que se tinha sentado de esguelha sobre a mesa, um pé poisado no chão e o outro oscillando como um pendulo no extremo da perna livre, commentou sacudindo a cinza do cigarro:
— Um pouco diccionario do João Felix. O mais está bem.
Depois, chegando-se ao noticiarista:
— Então, muito que respigar hoje? Curioso: — Uma senhora em Lamego que, tendo o marido doente de cama, pegou fogo á casa.
— Ponha de epigraphe, — Experiencia culinuria. E, a seguir á noticia: «Este Vatel de saias quiz vêr se marido assado seria melhor que leitão.