Foi-te férreo o viver — enigma a todos
Foi o teu coração!
Da fronte no pallor fervente em lavas
Um gênio ardente e fundo:
O mundo não te amou e riste delle
— Poeta — o que era-te o mundo?
Foste, Manfred, sonhar nas serras ermas
Entre os tufões da noite —
E em teu Jungfrau — a mão da realidade
As illusões quebrou-te!
Como um gênio perdido — em rochas negras
Paraste á beira-mar
Do escuro céo fallando ás nuvens, — solto
O negro manto ao ar!
O mar bramio-te o hymno da borrasca
E em pé — no peito os braços —
O riso irônico — vinha o azul relâmpago
T'esclareçer a espaços.
A fronte núa o rorejar da noite
Frio — te humedecia
E acima o céo — e além o mar te olhava
C'os olhos da ardentia!
As volupias da noite descoraram-te
A fronte enfebrecida
Em vinho e beijos — affogaste em gozo
Os teus sonhos da vida.