quadro digno das santíssimas paredes de uma Igreja essas duas scenas do rei-seductor com a donzella enganada — o estupro, uma, e a outra o sacrifício della por aquelle que ora dorme nos braços da barregan das ruas?
Não é esse o lugar para sustentar theorias de moralidade. — O que dissemos do Rei divertese diríamos de Marion Delorme — citaríamos essa scena em que ella entra com as faces ainda ardentes e avermelhadas dos beijos — no ultimo acto, — o mesmo de Ruy Blaz, o mesmo em geral do theatro e até dessa obra sublime do cantor das Orientaes — Nossa Senhora de Pariz — vasta e sombria concepção como a cathedral gothica avultando negra na escuridão da noite avermelhada pela luz dos fachos sacudidos, — no ataque dos Bohemios — idéa immensa, joia de facetas tão diversas, fresco gigantêo da imaginação de Miguel Ângelo, — onde de um lado do quadro dança a ligeira e suave Zingara com os crespos soltos nos hombros morenos, batendo o seu adufe, e enlevado de tão bella feiticeira nos passos leves, a vista do bello capitão, a miral-a de cima do fogoso ginete com olhos accesos de volúpia — e lá de cima da torre prezo, pelas mãos convulsas, á pedra das frestas, o monge livido com os olhos em fogo e os dentes cerrados, immovel e terrível como o jaguar do Oriente com os olhos na preia, — essa « Nossa Senhora