A alva coroa fez cahir da virgem —
Jovem, solteiro, sem consórcio d'alma
Entre as rozas da vida — mas nenhuma
Nem deu-lhe um rizo — nem do moço pallido
No imo d'alma guardou uma saudade!

Mas se á terra saudades não deixara
Não levou-as também — do peito o orgulho
Que ninguém quiz amar, ninguém amou.
— Foi-lhe chimera o amor, não mais lembrou-o,
Tentou-o ao menos. — E que importa um morto ? —
Doido é quem geme em lagrimar estéril —
Quando o luto findou e alegre o baile
Corre entre flores no valsar, quem lembra
O defunto que é podre no jazigo ?...
— Morrera-lhe o sonhar — porque choral-o ?

E morreu sem amor ! E elle comtudo
Tinha no peito tanto amor e vida !
Alma de sonhos, tão ardentes, cheia !
E anhellante do amor do peito — em outro
Em horas ternas effundir em beijos !

E ás vezes quando a fronte pela febre
Pezada e quente sobre as mãos firmava,
Quando esse delirar febril da insomnia
Em vertigens travava de sua alma,
Um negro pensamento lhe passava