« No estremecer da orgia fui sentar-me
Vivendo enlevos nos olhares humidos
E nos tremidos seios de mulheres
Anhellantes de gozo — a ouvir os beijos,
Sorvendo os lábios que o Xerez molhava
Com orvalho rubineo — os ares cheios
De luz, cantos e odor — o soalho roseo
Das coroas de flores por mãos tremulas
Soltas das frontes no ferver do enlace! —
E nada me escaldou por muito a fronte
Rápida — a embriaguez, a idéa funda
Do meu fundo pensar de si varria !
……………
« Não mais ! não mais! prostitui meus lábios
Em frios beijos de mulher sem alma.
Cortei eu mesmo o fio da ventura
Que derradeiro ao céo prendia-me inda,
Em lascivias de olhar exhalei toda
Uma ardente poesia d'alma virgem!
Ardor e vida — e sonhos que eu criava
Nos refolhos do peito e uma e uma
Da crença e do amor mirrára as flores!
« Não mais ! as luzes tremulas da festa
Quando envoltas no chão cansadas jazem
Moças e flores — e repletos dormem
De amor e vinho — como cães - os ebrios,
Descorados convivas, negros somnos —