— Vai a gotinha de café, senhor cônego? perguntava logo a S. Joaneira.

Ele sentava-se, exalando um profundo ufa! — Vá lá a gotinha do café! — E batendo no ombro do pároco, olhando para a S. Joaneira:

— Então, como vai cá o seu menino?

Riam; vinham as histórias do dia. O cônego costumava trazer no bolso o Diário Popular; Amélia interessava-se pelo romance, a S. Joaneira pelas correspondências amorosas nos anúncios.

— Ora vejam que pouca-vergonha!... dizia ela, deliciando-se.

Amaro então falava de Lisboa, de escândalos que lhe contara a tia: dos fidalgos que conhecera "em casa do Sr. conde de Ribamar". Amélia, enlevada, escutava-o com os cotovelos sobre a mesa, roendo vagarosamente a ponta do palito.

Depois do jantar iam visitar a entrevada. A lamparina esmorecia à cabeceira da cama: e a pobre velha, com uma medonha touca de rendas negras que tornava mais lívida a sua carinha engelhada como uma maçã reineta, fazendo debaixo da roupa uma saliência quase imperceptível, fixava em todos, com susto, os seus olhinhos côncavos e chorosos.

— É o senhor pároco, tia Gertrudes! gritava-lhe Amélia ao ouvido. Vem ver como está.

A velha fazia um esforço, e com uma voz gemida:

— Ah! é o menino!

— É o menino, é, diziam rindo.

E a velha ficava a murmurar, espantada:

— É o menino, é o menino!