chapéu para nuca, apressou-se a soltar o gracejo, que tanto o entusiasmara em Lisboa:
— Tio Osório, sirva-nos fígado de rei, com rim grelhado de padre! O tio Osório, pronto à réplica, disse logo, dando um raspão de rodilha sobre o zinco do contador:
— Não temos cá disso, Sr. Gustavo. Isso é petisco da capital.
— Então estão vocês muito atrasados! Em Lisboa era todos os dias o meu almoço... Bem, acabou-se, dê-nos duas iscas com batatas... E bem saltadinho, isso!
— Hão-de ser servidos como amigos.
Acomodaram-se à "mesa dos envergonhados", entre dois tabiques de pinho fechados por uma cortina de chita. O tio Osório, que apreciava Gustavo, "moço instruído e de pouca troça", veio ele mesmo trazer a garrafa do tinto e as azeitonas; e limpando os copos ao avental enxovalhado:
— Então que há de novo pela capital, Sr. Gustavo? Como vai por lá aquilo?
O tipógrafo deu imediatamente seriedade ao rosto: passou a mão pelos cabelos, e deixou cair algumas frases enigmáticas:
Tremidito... Muito pouca-vergonha em política... A classe operária começa a mexer-se... Falta de união, por ora... Está-se à espera de ver como as coisas correm em Espanha... Há-de havê-las bonitas! Tudo depende de Espanha...
Mas o tio Osório, que juntara alguns vinténs e comprara uma fazenda, tinha horror a tumultos... O que se queria no país era paz... Sobretudo o que lhe desagradava era contar-se com