cetim! Tinha lá uma lascazinha da verdadeira Cruz, um bocado quebrado do espinho da Coroa, um farrapinho do cueiro do Menino Jesus. E murmurava-se com azedume, entre as devotas, que coisas tão preciosas, de origem divina, deviam estar no sacrário da Sé. D. Maria da Assunção temendo que o senhor chantre soubesse daquele tesouro seráfico, só o mostrava às íntimas, misteriosamente. E o santo sacerdote, Que lho obtivera, fizera-a jurar sobre o Evangelho de não revelar a procedência "para evitar falatórios".

A S. Joaneira, como sempre, admirou sobretudo o farrapinho do cueiro.

— Que relíquia, que relíquia! murmurava.

E D. Maria da Assunção muito baixo:

— Não há melhor. Trinta mil-réis me custou... Mas dava sessenta, mas dava cem! mas dava tudo! - E babando-se toda, diante do trapinho precioso: - O cueirinho! dizia Quase a chorar. Meu rico Menino, o seu cueirinho...

Deu-lhe um beijo muito repenicado, e foi fechar o relicário no gavetão.

Mas o meio-dia ia bater - e as três senhoras apressaram-se para a Sé, para pilhar lugar no altar-mor.

Já no largo encontraram D. Josefa Dias, que se precipitava para a igreja, sôfrega da missa, com o mantelete descaído sobre o ombro e uma pluma do chapéu a despregar-se. Tinha estado toda a manhã num frenesi com a criada! Fora necessário fazer ela todos os preparos para o jantar... Ai, tinha medo que nem a missinha lhe desse virtude, de nervosa que estava...

— Que temos lá o senhor pároco hoje... Vocês sabem