que adoeceu a criada... Ah, já me esquecia, o mano quer que tu lá vás jantar também, Amélia. Diz Que é para haverem duas damas e dois cavalheiros...

Amélia riu de alegria.

— E tu vai depois buscá-la, S. Joaneira, à noitinha... Credo, vesti- me tanto à pressa, que até parece que me está a cair o saiote!

Quando as Quatro senhoras entraram, a igreja estava já cheia. Era uma missa cantada ao Santíssimo. E apesar de contrário ao rigor do ritual, por um costume diocesano (Que o bom Silvério, muito estrito na liturgia, nunca cessava de reprovar) havia, estando presente a Eucaristia, música de rabeca, violoncelo e flauta. O altar, muito ornado, com as relíquias expostas, destacava numa alvura festiva; dossel, frontal, paramentos dos missas eram brancos, com relevos de ouro desmaiado; nos vasos erguiam- se ramos piramidais de flores e folhagens brancas; os veludilhos decorativos, dispostos como velários, punham dos dois lados do tabernáculo a brancura de duas vastas asas desdobradas, lembrando a Pomba Espiritual; e os vinte castiçais erguiam a suas chamas amarelas em trono até ao sacrário aberto, que mostrava de alto, engastada num rebrilhar de ouros vivos, a hóstia redonda e baça. Por toda a igreja apinhada corria uma sussurração lenta; aqui e além um catarro expectorava, uma criança choramingava; o ar adensava-se já dos hálitos juntos e de um cheiro de incenso; e do coro, onde as figuras dos músicos se moviam por trás dos braços dos rabecões e das estantes, vinha a cada momento um afinar gemido de