à mamã o que tinha sucedido. Mas que não se afligisse ela, que o mano estava melhor...

— E olha! gritou-lhe ainda de cima da escada. Diz-lhe que se fez tudo o que se pôde, mas que a dor não deu tempo para nada!

— Sim, lá direi. Boa noite.

Ao abrirem a porta a chuva caía grossa. Amélia então quis esperar. Mas o pároco, apressado, puxou-a pelo braço:

— Não vale nada, não vale nada!

Desceram a rua deserta, aconchegados debaixo do guarda-chuva, com a Dionísia ao lado, muito calada, de xale pela cabeça. Todas as janelas estavam apagadas; no silêncio as goteiras cantavam de enxurrão.

— Jesus, que noite! disse Amélia. Vai-se-me a perder o vestido.

Estavam então na Rua das Sousas.

— É que agora cai a cântaros, disse Amaro. Realmente parece-me que o melhor é entrar no pátio de minha casa e esperar um bocado...

— Não, não! acudiu Amélia.

— Tolices! exclamou ele impaciente. Vai-se-lhe estragar o vestido... É um instante, é um aguaceiro. Para aquele lado, vê, está a aliviar. Vai passar... É uma tolice... A mamã, se a visse aparecer debaixo duma carga de água, zangava-se, e com razão!

— Não, não!

Mas Amaro parou, abriu rapidamente a porta, empurrando Amélia de levei

— É um instante, vai passar, entre...

E ali ficaram, calados, no pátio escuro, olhando as cordas de água que reluziam à luz do