dentes magníficos a que uma saúde de granito conservava o esmalte; o que o desfigurava era um nariz enorme.

Informou-se logo com bondade se o amigo Dias estava ali de visita ou infelizmente por motivo de doença.

— Não, estou aqui à espera. Uma embaixada de truz, amigo Ferrão!

— Ah, fez o velho discretamente. - E enquanto tirava com método duma carteira atulhada de papéis a receita para o praticante, deu ao cônego notícias da freguesia. Era lá, nos Poiais, que o cônego tinha a fazenda, a Ricoça. O abade Ferrão passara de manhã diante da casa e ficara surpreendido vendo que lhe andavam a pintar a fachada. O amigo Dias tinha algumas idéias de ir lá passar o Verão?

Não, não tinha. Mas como trouxera obras dentro e a fachada estava uma vergonha, mandara-lhe dar uma mão de ocre. Enfim, era necessário alguma aparência, sobretudo numa casa que estava à beira da estrada, onde passava todos os dias o morgadelho dos Poiais, um parlapatão que imaginava que só ele tinha um palacete decente em dez léguas á roda... Só para meter ferro, àquele ateu! Pois não lhe parecia, amigo Ferrão?

O abade estava justamente lamentando consigo aquele sentimento de vaidade num sacerdote; mas, por caridade cristã, para não contrariar o colega, apressou-se a dizer:

— Está claro, está claro. A limpeza é a alegria das coisas...

O cônego então, vendo passar no largo uma