Amaro, então, deu de repente uma punhada na mesa, e exclamou:
— Homem, veio-me uma boa idéia!
O cônego olhou-o com dúvida, como se não achasse possível a uma inteligência humana descobrir o fim dos seus males.
— Quando digo uma boa idéia, padre-mestre, devia dizer uma idéia sublime!
— Acabe, criatura...
— Escute. O senhor vai para a Vieira, e a S. Joaneira, está claro, vai também. Naturalmente alugam casa um ao pé do outro, como ela me disse que tinham feito há dois anos...
— Adiante...
— Bem. Aqui temos a S. Joaneira na Vieira. Agora, a senhora sua mana parte para a Ricoça.
— E então a criatura há-de ir só?
— Não! exclamou Amaro em triunfo. Vai com a Amélia! A Amélia vai-lhe servir de enfermeira! Vão ambas sós! E lá na Ricoça, naquele buraco onde não vai viva alma, naquele casarão onde pode uma pessoa viver sem que ninguém em roda suspeite, lá é que a rapariga tem o filho! Hem, que lhe parece?
O cônego erguera-se com os olhos redondos de admiração.
— Homem, famosa idéia!
— É que concilia tudo! O senhor toma os seus banhos. A S. Joaneira, longe, não sabe o que se passa. Sua mana goza os ares... A Amélia tem um sítio escondido para a coisa... À Ricoça ninguém a vai ver... A D. Maria também vai pra Vieira. As Gansosos, idem. A rapariga deve ter o bom sucesso ai pelos princípios de