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particulares ás creanças 2, aos rapazes 3, aos pedreiros 4, etc. — falla - se aqui tambem o mirandez, que constitue o objecto d'este estudo .

as formas archaicas lo, los, la, las dos artigos definidos. Como o archipelago foi descoberto no primeiro quartel do sec. xv, póde- se concluir que aquellas formas erão ainda vulgares no continente nessa epocha . Hoje, como sesabe, essas formas apparecem apenas como resultado de assimilação (pelo, todolo, vê-lo , ei-lo, etc.); comtudo encontrei lo numa canção popular que recolhi numa serra da Beira - Alta (Vid . o meu livro Tradições popul. de Portugal, 337 —k ), e parece que durárão na Galliza até ao sec. xv, segundo uma nota de Saco Arce (Gr. gallega) aproveitada pelo snr. M. Fatio in Rómania, iv, pag . 32, not. 1. No Cancioneiro da Vaticana abundão essas fórmas archaicas. -0 dialecto da Madeira apresenta outros factos curiosos, como : nā (por não), forma usual no Sul do continente ( Lisboa, etc.), e que representará a transição de nom para não ; o superlativo indicado por mui-muito, como em Gil Vicente (Obras, ii,283, ed. Hamburgo ), no dialecto creolo de S. Thiago (Ad . Coelho, Os dialectos romanicos, etc., pag . 150 e 195 do Boletim ) e em hisp .; nhôra por senhôra, facto corrente nos dialectos creo los (Ad . Coelho , ib., p . 149, etc.), e na linguagem popular do continente (Beira -Alta ); vinhemos , forma usada no continente ( Traz-os-Montes, etc.) , e em gallego ; ambinhos, deminutivo de ambos, formaque existe no continente numa cantiga popular ( Ap . Trad. pop. de Portugal, pag. 114), etc.

2 Cf. as minhas Trad. pop . de Portugal, § . 345 .

3 Na Beira -Alta , os rapazes costumão juntar á vogal ou diphthongo de cada syllaba um p , por ex . : estamos satisfeitos, diz-se : « es-pis-tå -på -mos pus sa- på -tis-pis-fei-pei-tos-pus. No Minho, segundo me informa um meu condiscipulo, os rapazes costumão junctar, tambem por brincadeira, greg (com e surdo como em Gregorio) ; o citado exemplo diz- se assim : « es-gre gis- ta -gregå -mos-gregus sa- gregå - tis-gregis-fei-greguei-tos -gregús » . - Não se cuide que estas formações de linguagem são sem importancia ou exclusivas do nosso paiz. A proposito do estudo de C. Nigra Fonetica del dialetto di Val Soana (in Archivio glottolog. italian ., t . III, n.o 1) diz o snr. P. Meyer numa critica in Romania , iv, 293-4 : « Le gergo de Val- Soanna est le résultat d'une modification absolument arbitraire du patois de cette vallée. Les habitants de Val-Soanna l'emploient lorsqu'ils veulent éviter d'être compris par des personnes étrangères à leur vallée, qui autrement pourraient entendre le dia lecte naturel du pays. Il est curieux de constater combien sont pauvres les procédés de modification mis en œuvre. Le principal consiste dans l'interca lation du groupe oth, ath, ith ( th anglais dans think ), ainsi port- oth - jér (por ter ), port-oth -iré (je porterai ), etc. On voit que c'est le principe sur lequel est fondé le javanais (voir les annonces du Figaro du dimanche, passim) — ». Na introducção de M. Cubi y Soler aos Ensayos poeticos en dialecto bercia no, por F. y Morales (Leon 1861) leio tambem : « ... en castellano vemos que los niños se forman una jerigonza que consiste en la introduccion del sonido guede, gada, etc. , en medio de cada silaba . Para decir v. g . Como es tamos ose espresan asi : cogodo — mógodo éguedes – tágades— mógodos? En catalan se usa por lo comon la x, representando el sonido de ch francés en chanson . En esta jerga esa frase se diria : coxó - moxó eséstaxá — moxós ? Los grandes poliglotas han encontrado esta costumbre en muchas partes, so bre todo en Asia — » (ob . cit., pag. xiii, not . ) ,

4 Os pedreiros, os ciganos, os contrabandistas, etc. , usão entre si uma