O Ganso-das-Neves

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Ela foi correndo para a parede marítima, olhando não em direção ao Canal da Mancha — de onde um barco poderia surgir —, mas sim para o céu onde, brilhando como chama, surgia o ganso-das-neves. Aquela visão, o som e a solidão dos arredores quebraram a fortaleza que existia dentro dela, libertando a intensa veracidade de seu amor na forma de muitas lágrimas.

Como um espírito selvagem chamando outro igual, ela parecia estar voando junto com a grande ave, elevando-se com ela no céu vespertino e escutando a mensagem de Rhayader.

Terra e céu tremiam, e a mensagem a impactava de forma inexprimível: — "Frith! Fritha! Frith, meu amor. Adeus, meu amor." As penas brancas de pontas escuras conduziam a mensagem para dentro de seu coração, que respondia: — "Philip, eu te amo!"

Por um momento, Frith pensou que o ganso-das-neves ia pousar dentro do antigo cercado, visto que os gansos de penas aparadas estavam grasnando boas-vindas. Mas ele somente planou baixo, e então subiu novamente, voando em um largo e gracioso espiral em torno do velho farol, para ascender de vez aos céus.

Observando a cena, Frith não viu mais o ganso-das-neves, mas sim a alma de Rhayader despedindo-se dela para sempre.

Ela já não estava mais voando junto com a ave! Então, estendeu seus braços para o céu e clamou: — "Vá com Deus, vá com Deus, Philip!"

As lágrimas de Frith cessaram. Ela ficou por um tempo contemplando em silêncio o horizonte depois que o ganso-das-neves se foi. Então, ela entrou no farol e segurou a pintura que Rhayader fizera dela. Abraçando-a junto ao peito, ela trilhou seu caminho para casa, ao longo da velha parede marítima.