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Paul Gallico


ao ver o quão magra ela estava, colocou sua jaqueta e saiu para a rodovia, onde, esticando seu polegar como havia aprendido com o cabo Francis Xavier O’Halloran, conseguiu carona em um caminhão indo para Foligno e para a estrada principal. Ele estava indo até Roma para ver o Papa.

Nunca um menino pareceu tão ínfimo e desamparado como Pepino em pé na imensa e deserta Praça de São Pedro, visto que era bem cedo pela manhã. Tudo se elevava sobre ele – o domo massivo de São Pedro, o obelisco de Calígula, as colunatas de Bernini. Tudo contribuía para fazê-lo parecer pequeno e miserável com seus pés descalços, calças rasgadas e sua jaqueta esfarrapada. Nunca um garoto se sentiu tão oprimido, solitário e medroso, ou carregou um sentimento maior de infelicidade em seu coração.

Por ora, ele ao menos estava em Roma, e as gigantescas proporções das construções e monumentos, majestosas e imponentes, começaram a drenar sua coragem, a ponto de ter vislumbrado futilidade e falta de esperança em sua missão. E então, em sua mente veio a imagem da mula doente e que não sorria mais, com seus flancos caídos e seus olhos negros e que certamente iria morrer a menos que ele achasse ajuda para ela. Foram pensamentos como estes que o fizeram cruzar a Praça e aproximar-se timidamente de uma das pequenas entradas do Vaticano.

O guarda suíço, em seu uniforme de cor vermelha, amarela e azul, com sua longa alabarda[1], parecia ser enorme e severo. Mesmo assim, Pepino aproximou-se dele e disse: – “Por favor, você pode

  1. Antiga arma utilizada desde a Idade Média, composta de uma longa haste e cuja ponta de ferro é atravessada por uma meia-lua. [NT]