O Pequeno Milagre

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me levar para ver o Papa? Eu desejo falar com ele sobre minha mula Violetta, que está muito doente e pode morrer, a menos que o Papa me ajude!"

O guarda sorriu, mas não de forma debochada, já estava acostumado a estes pedidos ignorantes e inocentes, e o fato de ter vindo de um pequeno menino sujo e esfarrapado, com olhos que pareciam poças de tinta e uma cabeça redonda na qual as orelhas saltavam como alças de uma ânfora, tornaram tudo isto ainda mais inofensivo. Mas, mesmo assim, ele sacudiu a cabeça enquanto sorria, e então disse que Sua Santidade era um homem muito ocupado e que não poderia vê-lo. Em seguida, o guarda bateu com a ponta da lança no chão e cruzou-a, sinalizando que estava ocupado.

Pepino recuou. Quão importante era sua necessidade em face de tanto poder e majestade? Mas, mesmo assim, a lição que o cabo O'Halloran havia lhe ensinado conscientizou-o de que deveria voltar ao Vaticano mais uma vez.

Em um dos lados da Praça São Pedro, ele viu uma senhora sentada sob um guarda-chuva, vendendo pequenos buquês e ramalhetes com flores da primavera narcisos, campainhas-brancas e narcisos brancos, violetas de Parma e lírios do vale, cravos multicoloridos, tamareiras e delicadas rosas vermelhas. Algumas pessoas que visitavam a Basílica de São Pedro gostavam de colocá-las no altar de seus santos preferidos. As flores eram límpidas e vinham frescas do mercado, das pétalas de muitas delas ainda escorriam gotas de água.

Olhar para elas fez Pepino lembrar de casa e de quando o padre Damico falou sobre o amor que São Francisco tinha por flores. Padre Damico teve a bondade de ter lhe dito tudo isto, que soava como poesia. E Pepino chegou à conclusão de que se São