um gaúcho de seu melhor amigo. O mais, o dinheiro e a mulher, acha-se a cada canto; porém o cavalo, que nos entende, e se liga ao nosso destino no trabalho e na guerra, na vida e na morte, este, uma vez perdido, custa a achar outro, quando se acha. Senhores, boa-noite!

Dirigindo esta saudação às pessoas presentes, o Canho ganhou a rua; tinha dado alguns passos, quando um vulto deslizou na sombra e conchegou-se a ele. Que sorriso de desprezo perpassou nos lábios do gaúcho!

— É mulher!... murmurou ele.

O temporal, que ameaçava desde o princípio da noite, estava prestes a desabar; as serras de nuvens negras, amontoadas no horizonte, começavam a inflamar-se. À luz crebra e lívida dos relâmpagos, a vila adormecida assomava como o espectro de uma ruína no foco de um incêndio.

Voltando-se nesse momento, viu a mulher de longe um vulto que os seguia; com a mão convulsa travou do braço do gaúcho e levou-o por diante até sumirem-se no fim da rua.

Tinham os dois chegado a uma das extremas da vila, em lugar ermo, onde a escarpa íngreme do terreno formava um barranco profundo.