— Não é ódio que me inspirais, é deprezo; é mais do que desprezo, é asco. O réptil que se roja pelo chão causa-me menos repugnância do que o vosso aspecto.

— Não disputemos sobre palavras, sr. cavalheiro; tudo vem dar no mesmo; eu vos odeio, vós me desprezais; podia dizer-vos outro tanto.

— Miserável!... exclamou o cavalheiro levando a mão à guarda da espada.

O movimento foi tão rápido, que a palavra soou ao mesmo tempo que a ponta da lamina de aço batendo na face do italiano.

Loredano quis evitar o insulto, mas não era tempo; seus olhos injetaram-se de sangue:

— Sr. cavalheiro, deveis-me satisfação do insulto que me acabais de fazer.

— É justo, respondeu Álvaro com dignidade; mas não à espada que é a arma do cavalheiro; tirai o vosso punhal de bandido, e defendei-vos.

Proferindo estas palavras, o moço embainhou a espada com toda a calma, segurou-a à cinta para não embaraçar-lhe os movimentos e sacou o seu punhal, excelente folha de Damasco.

Os dois inimigos marcharam um para o outro, e lançaram-