seu companheiro voltasse; e pareceu-lhe ouvir perto dele a respiração de um homem. Aplicou o ouvido para certificar-se; e por segurança tirou o seu punhal e colocou-se no centro da porta, para impedir a saída de quem quer que fosse.
Não ouviu mais nada; porém sentiu de repente um corpo frio e gelado que tocou-lhe a fronte; o italiano recuou, e brandindo a sua faca deu um golpe às escuras.
Pareceu-lhe que tinha tocado alguma coisa; entretanto tudo conservou-se no mais profundo silêncio.
O aventureiro voltou trazendo a luz.
— É singular, disse ele; o vento pode apagar uma candeia, mas não lhe tira o pavio.
— O vento, dizeis. Acaso o vento tem sangue?
— Que quereis dizer?
— Que o vento que apagou a vela é o mesmo que deixou o seu sinal neste ferro.
E Loredano mostrou ao aventureiro a sua faca, cuja ponta estava tinta de sangue ainda liquido.
— Há aqui então um inimigo?...
— Decerto; os amigos não precisam ocultar-se.