por seus olhos de um escuro russo continuamente a remexerem-se nas órbitas à flor do rosto.

Apreciavam-na muito por causa da sua constante alegria e do modo pachorrento com que ia aturando todas as maçadas e debiques - espécie de retribuição exigida pelos benefícios que lhe prestavam. Em outras épocas, quando ainda podia trabalhar e não tinha a vista estragada, fora uma excelente costureira a andar de casa em casa para aprontar vestidos e até mesmo enxovais. Datavam daí as suas relações e, habituada a este gênero erradio de vida, continuava em sua peregrinação, passando uma semana em um lugar, outra noutro, sem residência fixa, velha boêmia através do mundo ao qual entretanto não se fazia pesada porque, nessas longas visitas, encarregava-se de costuras ligeiras ou pelo menos ocupava-se em remendar alguns trapos velhos. Desejando viver sobre si, sem os grandes vexames dessas hospedagens, tentara ao princípio fazer-se lavadeira quando os seus olhos cansados não se prestaram mais a acompanhar a agulha nas rápidas e complicadas evoluções do pesponto. Mas este serviço tomara-se-lhe muito penoso e vira-se obrigada a largá-lo apesar do imenso