Assim, entre nós a produção literária, em sua máxima parte, é antes o fruto da satisfação subjetiva, de uma necessidade de espírito do escritor, do que do acentuado desejo, da intenção decidida de fazer um livro, de compor um trabalho que se destine à leitura dos outros e vise o pagamento do editor.

E em tal conjuntura não é possível a gente que se ocupa de letras no Brasil orientar a produção literária por um caminho seguro, por uma feição definitiva.

Vive-se aqui a ensaiar, a experimentar, tentando-se todos os feitios, amoldando-se a todas as escolas.

Pela minha parte esta é a sensação que tenho da vida literária brasileira.

Animado, desde bem louros anos, de um decidido amor pelas letras, tive por sonho dourado de minha meninice o desejo de "fazer um livro", de ter o meu nome impresso em pequenas letras de ouro nas lombadas de marroquim, enfileiradas nas estantes ao lado de outros e outros. E tal sonho, antes que o meu espírito juvenil pudesse discernir a significação das cousas, me fez passar horas perplexas, deliciosas horas, na leitura inconsciente dos frontispícios dos livros da biblioteca de meu pai, à escolha do assunto de que me havia de ocupar um dia, do título do — "meu livro" —, vacilando entre Oração da Coroa, Apostilas de