Praxe, Noites na Taverna, conforme as palavras cantavam-me ao ouvido, ou a disposição dos tipos me falava aos olhos, e essa ingênua pesquisa embaladora me desvendava, sugestiva e mecanicamente, os mal definidos horizontes de tantos mundos desconhecidos, mas, por isso mesmo, fascinadores, irresistíveis.

Os anos passaram sobre esse sonho pueril; os — meus livros vieram, que jamais se me apagou do espírito o fogo sagrado; o meu nome foi impresso nas ambicionadas pequenas letras douradas nos lombos de marroquim, mas esses livros não satisfizeram o sonho ardente dos meus primeiros anos. Outros títulos, outros horizontes, outros mundos continuam a passar dentro de mim nas minhas horas de contemplação interior, e surgem e se acentuam e se desdobram, mas passam e fogem e se apagam, sem que o título seja aproveitado, sem que o mundo seja explorado, sem que o livro seja feito, enfim.

Bem eu sinto que se eu pudesse ser um homem de letras, se a minha preocupação principal, se não exclusiva, fosse a difícil arte da palavra, bem eu sinto que essa muda revoada de ideais não me deixaria apenas o amargo ressaibo de uma ilusão perdida, de uma visão desfeita, de um sonho apagado num acordar doloroso...

Mas as contingências da vida que me tem sido dado viver desfazem a proficuidade desse labor,