Foi ele quem despertou em mim o desejo de uma arte mais sã, mais humana, mais conforme com a natureza: daí a minha adesão ao movimento naturista que em França iniciara Bouhélier, cujas idéias procurei propagar e defender no Brasil, publicando para isto um manifesto e uma revista. Zola, interpretado pelos naturistas, foi um dos espíritos que mais influíram na minha primeira formação intelectual, mas essa influência não persiste, e creio mesmo que ele hoje não me satisfaz. Prefiro Mirbeau e Anatole France, os mestres admiráveis do romance moderno, ao chefe da escola naturista: nutro por Mirbeau, o autor de tantas obras- primas da literatura revolucionária, uma viva simpatia. Émile Zola foi ainda o meu iniciador nas idéias de reforma social. Os seus romances, principalmente Germinal e Paris, deram-me uma triste idéia da sociedade atual, revelaram-me os crimes e os vícios da burguesia, fizeram-me odiar a política e os políticos profissionais, mostraram-me o sofrimento dos pobres e os tormentos das classes proletárias, vítimas da torpe exploração do homem pelo homem.

Comecei então a ler os escritores socialistas, e principalmente os anarquistas, com quem aprendi verdades que jamais esquecerei e que procuro tornar conhecidas dos homens: que o indivíduo é a medida de todas as coisas; que o homem é ingovernável, é para si sua única