casas miseráveis, pedaços de mar obstruídos de mastros, parece cantar o ofertório da vida. Ah! A humanidade da grande colmeia!

Quantos soluços, quantas alegrias, quantas raças! A chuva passara, o mormaço ia a pouco e pouco esfacelando as nuvens baixas e o panorama aumentava, crescia, assombrava com leves tons de azul e ouro, um panorama épico de porto de mar latino...

— Este cenário lembra-me sempre aquele livro seu — A viúva Simões. Não imagina a impressão desse trabalho na minha formação de pobre escrevinhador.

Que intensidade de vida! Sempre perguntava a mim mesmo: onde foi buscar D. Júlia um tipo de tão penetrante realidade?

— Onde? Mas é uma história inventada.

— Não é um livro à clef?

— Não, não é, não há trabalho meu, com exceção dos "Porcos" e de A Família Medeiros, que não seja pura imaginação. O caso dos "Porcos" eu ouvi contar numa fazenda, quando ainda era solteira. Os homens do mato são em geral maus. A narração era feita com indiferença, como se fosse um fato comum. Horrorizou-me. A Família Medeiros tem dois ou três tipos que guardam impressões reais. Os outros não, são fantasia.

Não imagina como me aborrece a idéia de fazer romances com histórias verdadeiras. E entretanto