e divina, a fantasia impele a sua pena de aço.

— Pode-se falar?

O artista levanta a cabeça.

— Oh! tu? entra... Aproveito e descanso um pouco. Estou a escrever agora uma peça para a companhia Lucinda e Christiano. A princípio foi um prazer. Mas eu tenho um juiz, o meu primeiro público, minha mulher. Outro dia sentei-a naquela cadeira e fi-la ouvir um ato. Sabes a sua opinião? É uma peça perversa, que me vai criar uma porção de inimizades! Verdade é que não há nada de mais atual. Estudo aspectos da nossa sociedade ainda por estudar no teatro, e entre os quais o mundo dos decaídos e a célebre questão dos casamentos... Minha mulher obrigou-me a rasgar uma cena inteira, entre um velho, que é o elemento honesto, representativo do nosso antigo fundo moral, e o grupo moderno. Que tem Sr. Paiva? — Ora, o que tenho! Não sabe que o Sousa casou? —Bom, e o que há nisso para tristezas? — Mas a primeira mulher está viva... Começava assim. Pois, rasguei a cena! Não imaginas como custa inutilizar um trabalho quando o sentimos vivo e exato. O meu público porém é inexorável. Senta-te. Tomas café?

Coelho Neto está de pijama branco, meias