O reino de Kiato
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Paterson achou muito original tudo aquillo, mas satisfez as exigencias e annunciou-se.

Abriu-se de prompto uma das portas que davam para o interior da casa e appareceu o dono do hotel. Parecia que o espiavam.

Pela figura viu Paterson que era um estrangeiro: não tinha o porte, a estatura, o facies dos naturaes que até então tinha visto. Saudaram-se em inglez. Paterson, trocadas as primeiras palavras, pensou falar com um conterraneo. Não era, nascera na Inglaterra.

Não houve o abraço apertado do latino, mas o energico aperto de mão do inglez.

Paterson, guiado pelo hoteleiro, entrou para o interior da casa, atravessando os compartimentos maravilhado pela ordem, pelo aceio de tudo.

A luz entrava por toda a parte e o ar circulava em todas as direcções. Respirava-se uma atmosphera leve, impregnada daquelle perfume todo especial, que se desprende das cousas bem tratadas e limpas. Jarros de flores alegravam as salas. Nos peitoris das janellas enredavam-se trepadeiras numa irama verdoenga, salpicada de pequeninas corollas multicores e cheirosas.

Via-se a hygiene pontificando em todos os cantos. Si em um hotel havia tanto culto á saude, imagine-se nos domicílios! E todos esses preceitos eram observados espontaneamente, sem a fiscalisação dos poderes publicos.

Paterson foi agasalhado no quarto n. 50, esplendido compartimento com duas janellas para o jardim, as quaes o arejavam e illuminavam fartamente. As paredes pareciam envernizadas, tal o polimento da argamaça amarello desmaiado.