sinistras, o velho africano sentiu a alma dilacerar-se.
— Não fala assim, meu nhonhô! Você não tem pena de seu negro velho?
O menino parecia concentrado:
— Foi hoje, não foi, Benedito?
— Foi, meu nhonhô; mas não se lembre disto agora, venha brincar com as camaradinhas.
— Não; deixa-me.
O menino permaneceu imóvel diante da cruz; e o preto velho, encostado ao tronco do ipê, cobria-o com um olhar de compassiva ternura, repassado contudo de respeito. Naquele momento dessas duas almas, a viril era a da criança, a infantil era a do velho.
— Às vezes tenho vontade de ir ter com meu pai, para que ele me explique... o que eu não posso entender. Uma cousa, que eu penso, mas talvez não seja!... É isto que me faz mau para os outros!
— Aquela mãe! murmurou o preto. Podia estar com sua boca bem fechada. Ninguém perguntou a ela se sua nhanhã era rica e meu nhonhô pobre! Deixe estar que eu ainda hei de vê-lo muito, muito rico!