D. Luíza, além da parte que tomara na aflição da família de Alice, estremecia de horror, lembrando-se que podia ter Adélia corrido o mesmo ou maior perigo. D. Alina, essa às vezes desmerecia na ação de Mário, figurando-a como cousa facílima; outras vezes insinuava, embora de longe, que o culpado de tudo era o menino com sua travessura.

— Quem sabe? talvez se Alice fosse sozinha com Adélia, ou com o meu Lúcio, que é tão sossegado, não lhe acontecesse nada. Esses rapazes traquinas deitam os outros a perder.

Junto à mesa, onde ardia o candelabro, Lúcio estava muito aplicado em levantar castelos de cartas para entreter Adélia.

Feliz idade em que a imaginação entre risos de prazer edifica palácios com essas figuras coloridas! Mais tarde, em vez de castelos de carta, são os castelos de vento, edificados com as ilusões e as esperanças de nossa alma. Vem um sopro de criança e arrasa o suntuoso palácio. O menino reúne as cartas e levanta novo castelo. O homem debalde tenta coligir as ilusões que tombaram: não encontra nem o pó; desfizeram-se em fumo.

O castelo de Lúcio