e os louvores antecipados das mais lindas peças da segunda coberta. O conselheiro fez um discurso enciclopédico a respeito da arte culinária, comparando entre si as maneiras de preparar os manjares usados pelas diversas nações; e no meio de um frouxo de erudição, que deixou embasbacados os roceiros, referiu diversos fatos históricos, e entre outros o de D. João VI, que durante a sua residência na Corte no Rio de Janeiro gastava com a ucharia apenas a migalha de um conto de réis por dia.
Ouviu-se um suspiro abafado. Era do Sr. Domingos Pais, que lamentava não ter nascido vinte anos antes para ser compadre do mordomo-mor de um rei, que tão sabiamente compreendia este mundo.
O juiz municipal, sentado defronte de Mário, tinha travado conversação com ele; e saltando de um a outro assunto, dizia-lhe naquele momento:
— O doutor naturalmente volta para a Corte?
— Não sei ainda, respondeu Mário.
— Com seu talento e seus conhecimentos não deve enterrar-se na roça. Seria estragar um belo futuro.