— Pois bem! replicou o fazendeiro com um riso acerbo. O senhor pode-se divertir em salvar os outros; mas cada um dispõe de si como lhe apraz, e não tem que dar contas senão a Deus.

— Se eu conhecesse a sua intenção, a teria respeitado, respondeu Mário com uma frieza glacial.

— Ainda está em tempo de o fazer. Só reclamo uma cousa, que espero de sua lealdade; é o sigilo sobre um segredo que não lhe pertence, o segredo de minha morte. Que Alice ignore sempre...

— Juro.

— Adeus, senhor.

Afastou-se o barão. Nesse momento, Mário revoltou-se contra a fria impassibilidade com que ele consentia naquele suicídio de um pai, resolvido a imolar-se pela felicidade da filha.

— É um sacrifício inútil, disse ele.

— Acredito que não. O senhor ama Alice, e não teria hesitado um instante se eu não existisse. Quando esquecer-me, e será breve, não terá mais para resistir a esse amor nobre e puro, o apoio da aversão que lhe inspiro. Mas seja embora inútil, é necessário; cumpro o meu destino; Deus se