no dia em que se lhe abra uma perspectiva de possuir legitimamente a terra em que se lhe consente viver como párias, abandonará a sua presente condição de servos; quanto às diversas forças sociais, o servilismo as tornou tão fracas, tímidas e irresolutas que ela serão as primeiras a aplaudir qualquer renovação que as destrua, para reconstruí-las com outros elementos. Senhora de tudo e de todos, a escravidão não poderia levantar em parte alguma do país um bando de guerrilhas que um batalhão de linha não bastasse para dispersar. Habituada ao chicote, ela não pensa em servir-se da espingarda e, assim como está resolvida a empregar todos os seus meios de 1871 – os Clubes da Lavoura, as cartas anônimas, a difamação pela imprensa, os insultos no Parlamento, as perseguições individuais – que dão a medida da sua energia potencial, está também decidida de antemão a resignar-se à derrota. O que há de mais certo em semelhante campanha é que dez anos depois, como aconteceu com a de 1871, os que nela tomarem parte contra a liberdade hão de ter vergonha da distinção que adquiriram e se hão de pôr a mendigar o voto daqueles a quem quiseram fazer o maior mal que um homem pode infligir a outro: o de afundá-lo na escravidão, a ele ou aos seus filhos, quando um braço generoso luta para salvá-los.
Por tudo isso o poder da escravidão, como ela própria, é uma sombra. Ela, porém, conseguiu produzir outra sombra mais forte, resultado, como