mão? Que vale que vós digais: "ordeno-o", se eu, nobre e livre, se eu, neta dos Godos, vos responder: "não será"?
A rainha olhava atónita para Dulce, cuja palidez e voz trémula desmentia a resolução das suas palavras. O furor do conde, cujo ânimo os acontecimentos desse dia tinham sobejamente irritado, ouvindo aquelas expressões que tocavam as raias do desprezo, rebentou subitamente. Esqueceu-se do fingido respeito que em toda a parte mostrava pela rainha, e principalmente na sua presença, para só se lembrar de que realmente ele era o verdadeiro senhor nos paços de Guimarães, desde que D. Teresa lhe entregara corpo e alma.
— Quem é que ousa aqui dizer "não será" ao conde de Portugal e Coimbra? - bradou ele com um rugido feroz que fez tremer a donzela. - Quem ousa nestes paços resistir à minha vontade? - E depois de uma breve pausa prosseguiu, dando uma risada: - Ah, sois vós, nobre herdeira dos Bravais, vós a que não tendes nenhum préstamo de minhas mãos! Sois vós a que recusais obedecer-me?
Depois de outra vez ficar alguns momentos calado, continuou em tom de mofa:
— Podeis,