foi a indignação; mas a vergonha, talvez o temor, lhe embargou o manifestá-la. Abaixou o rosto, e duas lágrimas lhe escorregaram pelas faces.
O alferes-mor, porém, a fez sair daquele estado violento.
— Não - disse ele aproximando-se de Dulce -, não serás minha vítima! Garcia Bermudes nunca se esquecerá do dever de cavaleiro. Seria acaso a minha vida mais risonha possuindo-te, quando o teu coração... me rejeita? Sê livre! Recuso a posse de Dulce, rainha de Portugal!
A pobre donzela largou os vestidos de D. Teresa, e pegando na mão do cavaleiro beijou-a soluçando!
— Eu te amarei como um irmão! - exclamou ela. - Eu te adorarei como um deus. Oh! tu sabes que só assim...
— Silêncio!... - interrompeu nobremente o cavaleiro: porque percebeu que Dulce na agitação em que se achava ia trair-se a si própria e revelar o seu segredo.
O conde continuava a contemplar esta cena com os braços cruzados e com um riso cruel nos lábios. Dirigindo-se então à rainha, prosseguiu no mesmo tom de ironia amarga:
— Bem se vê, senhora, que o vosso alferes-mor