de pena. Aqui está Pedro Amarelo, mestre armeiro; Roderico Spassandiz, mestre ferreiro; Sandamiro Eiriz, mercador, e eu, Gavino Pais, que valho por qualquer deles. Tende tento, senhor cavaleiro, com vossas falas, que podeis amanhã ouvi-las mais pesadas da boca dos alvazis.
— Estais bravo, dom coudel! - acudiu o cavaleiro, que porventura não achara inteiramente infundada a advertência do besteiro. - Foi por chança que o disse. Deus me livre de doestar tão honrados burgueses! Mas dir-vos-ei agora porque não passaremos o vau. Sabeis o que vai de novo?
A esta pergunta ninguém respondeu: mas homens de armas e besteiros pararam, apinhando-se à roda do que falava.
— Vai, que entre os ricos-homens da corte há quem pense em fazer deslealdade à nossa mui excelente rainha, e o nobre conde de Portugal e Coimbra quer talvez colhê-los às mãos.
— Mas porque credes vós isso? - interrompeu o coudel.
— Porque o alferes-mor me jurou que eu expunha
syllabas, salvo se era uma abreviação de outra injuria de que resam também os foraes, e que a decencia nos não permitte transcrever aqui.