dada a rudeza e ferocidade dos homens daquele tempo.
A burguesia (burgenses), embrião da moderna classe média, assaz forte para se defender ou, pelo menos, opor à opressão a vingança tumultuária, era impotente para exercer acção eficaz na sociedade geral. Veio isso mais tarde. Assim, o único poder que assegurava a unidade política era o poder do rei. A monarquia ovetense-leonesa fora como uma restauração da monarquia visigótica, entre todos os estados bárbaros a mais semelhante na índole e na acção ao cesarismo romano. Uma série de príncipes, senão distintos pelo génio, como Carlos Magno, todavia de valor e de energia não vulgares, tinha sabido manter a supremacia real, anulada gradualmente além dos Pirenéus pela sucessiva transformação das funções públicas em benefícios e dos benefícios em feudos. Entretanto à autoridade central faltava um arrimo sólido a que se encostasse; faltava-lhe uma classe média, numerosa, rica, inteligente, émula do clero pela sua cultura. Essa classe, como já advertimos, ainda simples embrião, só no século XIII começou a ser uma fraca entidade política, aliás rapidamente desenvolvida e avigorada. Desde aquela época é que