entrou nestes paços como mensageiro do ilustre infante D. Afonso. Vinha trazer palavras de amor e de paz, e a paz e o amor renasceram entre a rainha e seu filho. Guerra, ódios, tudo acabou. Muitos me acusam de orgulhoso e inexorável; Egas, porém, não os creu. Declarou-me o seu amor, e D. Teresa por meus rogos lhe concede a sua Dulce e o solar dos Bravais. Disseste-me que não tinhas de mim préstamos: dou-te o que vale mais. Vamos, donzela, agora o rancor fora injusto. Deixa-me beijar-te a mão: é um roubo que faço ao nobre Egas, mas ele me perdoará. O cavaleiro neste momento está com a rainha, e eu vou conduzir-te aos seus braços.
De feito, o conde beijava afectuosamente a mão de Dulce. O seu gesto era tão sereno e alegre; as suas palavras pareciam vir tanto da alma; e falava com tanta certeza do amor de Egas, que a desgraçada caiu no laço infame que Fernando Peres armara. Sucessivamente ela empalidecera e corara, e as lágrimas que lhe rebentavam dos olhos misturavam-se com o sorrir dos lábios: o seu coração abria-se à felicidade depois de tanto padecer devorado em silêncio, como a flor açoutada por noite de ventania desabrocha ao asserenar da manhã com os primeiros raios do Sol.