escutar no meio de completo silêncio. Então atirou consigo de novo ao poial, e alevantou os punhos cerrados para o céu com um gesto indizível de desesperação. Depois os braços descaíram-lhe, a fronte pendeu-lhe sobre o peito, e as lágrimas que revia o seu coração, queimadas pelo fogo que lhe lavrava lá dentro, secaram de todo. Uma lembrança suave de amor convertera a agitação da amargura na triste e ainda mais dolorosa tranquilidade do desalento.

— Dulce, Dulce, nunca mais te verei! - murmurou o mancebo. - Se ao menos pudesse dizer-te que te amei leal e puro até o meu último dia, e que este amanheceu porque viu cumprir, como cumpri todas, a minha derradeira promessa! Se eu pudesse antes de deixar a Terra antever o céu a teus pés!... Mas entre ti e mim estão estas pesadas abóbadas, que me esmagam o coração; e a minha voz não as pode romper para te chamar, para te repetir mil vezes que morro porque te amava como mulher nenhuma foi amada! Dulce, Dulce, nunca mais te verei!

E o desditoso, caindo de bruços sobre a palha imunda e fétida do calabouço, arquejava violentamente.

Naquela postura, exaustas as forças da alma,