Então, como aterrado da blasfémia, cobriu o rosto com as mãos e murmurou: - Perdão, meu Deus! - As lágrimas rompiam-lhe violentas. Um instante mais que elas tardassem aquele coração teria deixado de bater para sempre.
Poucos minutos, porém, haviam passado quando um ruído de cadeias, acompanhado de ranger de quícios, soou por cima da cabeça do cavaleiro. Maquinalmente ele alçou a cabeça: o pesado alçapão de carvalho chapeado de ferro alevantava-se lentamente e, quando rodou de todo, a luz brilhante de dois fachos jorrou pela escada e alumiou parte da masmorra. Dois homens de armas estavam no alto da escada com os fachos nas mãos, e um monge negro, que aparecia no meio deles, começou a descer a escada. O trovador pôs-se em pé e, estremecendo involuntariamente, recuou. O monge com o rosto sumido no capuz, e movendo-se compassadamente, era uma aparição sinistra.
Apenas este pôs os pés no pavimento do cárcere, fez sinal aos dois homens de armas que se retirassem, e dirigiu-se ao preso. Cruzando as mãos sobre o peito e curvando a cabeça, disse com uma voz grossa e contrafeita:
— Dom inus salvationem