senhor e marido. Morreu defendendo sua rainha: Deus há-de amercear-se dele, se vós lhe perdoardes como eu lhe perdoo o mal que involuntariamente nos fez, a desventura de que teceu os dias da nossa vida.
— Nem eu lhe perdoo, nem Deus se amerceará dele - atalhou o cavaleiro com um sorriso atroz. - Não! Para ele não há céu nem esperança. Morreu impenitente e maldito. Digo-to eu que o matei. Ouves, mulher de Garcia? Fui eu que o matei! Era uma lide medonha! medonha! Jogávamos alma e corpo. Quando um golpe me rompia as armas, eu sentia o seu ódio implacável viver ainda no gume do ferro que me sulcava os membros: ele devia sentir viver-me ódio nos fios da minha acha de armas. Teu marido, mulher do estrangeiro, perdeu o lanço: vacilou e caiu. Não me peças que ajoelhe agora: ajoelhei então sobre o peito dele que arquejava... Foi para o assassinar! Era um ajuste entre nós... ajuste feito sem palavras; porque de palavras não se precisava aí. Viúva do aragonês, amaldiçoa o assassino de teu marido, e não rezes pelo condenado: as portas do inferno não se abrem com orações. Trocou o leito do noivado pelo dos tormentos eternos aquele a quem te prostituíste: deixa-o lá repousar, e