através das frestas e portadas normandas do santo edifício, e havia enfim adormecido em silêncio profundo. A este silêncio correspondia o do terreiro, que pouco e pouco se tornara deserto desde que o som da campa monástica, chamando a comunidade à oração, avisara os filhos do século de que era chegada a hora da refeição meridiana.
Não havia, porém, ainda três horas que o rossio entre o castro e o burgo voltara à sua quase solidão ordinária, quando as vagas de povo começaram de novo a invadi-lo. A infanta, rodeada das suas damas e dos seus ricos-homens, saíra do castro e, subindo ao estrado, viera assentar-se no escano da direita enquanto um cavaleiro, que mostrava no aspecto achar-se na quadra da vida em que se passa da idade de mancebo para a de homem feito, se assentava no da esquerda, e vários ricos-homens, poucos infanções, e alguns prelados, o que tudo constituía a escola ou corte, tomavam para si os tamboretes enfileirados de um e outro lado. Os prenúncios inequívocos de um espectáculo, de uma festa pública preparada para aquela tarde, iam enfim realizar-se. Era que, segundo dissemos no princípio deste capítulo, o dia que amanhecera fora o da véspera de S. João, e a véspera de