para a cruzada. Ninguém atinou com o motivo desta súbita resolução. Todavia, se os amores com Dulce existiam realmente, era essa paixão que o afastava dela. Nascido com espírito ardente, trovador e guerreiro, Egas precisava de obter glória, porque as almas poéticas daquele tempo não compreendiam o amor sem renome, nem talvez sem este o encontrariam no seio de nobre donzela, digna de sua afeição. A Terra Santa era naquela época o campo mais fértil para os ceifadores de glória: as reputações adquiridas na Palestina retumbavam por todo o orbe cristão. Era o amor que arrastava Egas para essa vida de riscos, privações e combates? Quem poderia dizê-lo? Ninguém sequer o pensou.
O que é certo é que depois da sua partida, Dulce pareceu mais triste que de costume. Porém, se eram saudades, ou essa alma enérgica soube esconder seu martírio e devorar no silêncio e na solidão da alta noite as suas lágrimas, ou as saudades se extinguiram no meio da vida risonha e distraída da corte. O moço trovador tinha esquecido a todos: pode ser que também a ela.
Entretanto uma nuvem de cavaleiros a cercaram de adorações. Debalde! Só um esperava acender alguma faísca de amor neste