nos seus cálculos políticos de uma circunstância que devia influir no resultado final deles. O grande pensamento do conde Henrique; o pensamento que o audaz borgonhês acariciara por tantos anos, e a que votara a existência - a independência do condado de Portugal -, não morrera com ele: germinou, alimentou-se, e cresceu nas guerras com os Leoneses, guerras até certo ponto civis, em que D. Teresa prosseguira com tenacidade implacável. As mais províncias da Espanha gradualmente foram parecendo aos olhos dos cavaleiros portugueses uma terra estrangeira, estranhos os filhos delas. Um sentimento de nacionalidade surgiu nos corações, vago e confuso, mas enérgico. E no meio dos seus graves cuidados e das suas previsões profundas, o conde de Trava não se esquecera de que vira pela primeira vez o sol sob o céu da Galiza.
Se D. Teresa triunfasse, ele - o estrangeiro - seria o senhor da nobre e livre terra de Portugal. D. Afonso Henriques, porém, nascera aquém do Minho. Assim, muitos daqueles que o ambicioso filho de Pedro Froilaz supunha indecisos na véspera da grande luta eram já seus inimigos.
É o que o leitor melhor avaliará por si próprio